terça-feira, abril 19, 2016

América Latina pode reequilibrar mercado de petróleo após fracasso de acordo em Doha


HOUSTON/NOVA YORK (Reuters) - A tensão financeira sobre os produtores de petróleo da América Latina pode ajudar a fornecer o veículo para o reequilíbrio do mercado que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros países não conseguiram entregar em Doha no domingo.
A recusa do Irã em discutir um teto para sua crescente produção no encontro do final de semana levou a Arábia Saudita a sabotar o acordo que há apenas alguns meses os otimistas apostavam que teria adesão e poderia ajudar a resolver a pior derrocada dos preços da commodity em uma geração.
"Não há dúvida que México, Venezuela e Colômbia estão todos caindo. Claramente é a Bacia da Costa Sul do Atlântico que está sendo atingida no lado da produção e o reequilíbrio está a caminho", disse o especialista e presidente executivo da consultoria PIRA Gary Ross.
Com o excesso global de oferta do ano passado em 1,2 milhão de barris por dia, a produção norte-americana deve cair em 800 mil barris por dia, ante os níveis de um ano atrás, disse Ross.
Complementando isso, haveria quedas de 150 mil bpd na Venezuela, 100 mil bpd no México e um declínio acentuado na Colômbia. No total, isso corresponderia a um corte de produção de 1 milhão de bpd, o que em conjunto com outras quedas eliminaria a sobreoferta e começaria a reduzir o excesso de produção.
As quedas na América Latina ainda podem ser maiores que o esperado. A Petrobas, que visa elevar marginalmente sua produção este ano, tem sido investigada pelas autoridades em meio ao pior escândalo de corrupção da história do país, o que está desacelerando os investimentos da companhia.
Pressionados pela redução de investimentos em suas instalações e pela queda nas exportações, Venezuela e Equador, membros da Opep, pressionaram fortemente por um corte de produção conjunto desde o fim de 2014, mas os esforços têm se mostrado insuficientes para atrair apoio dos maiores produtores de petróleo do mundo, Rússia e Arábia Saudita.

(Por Marianna Parraga e Jessica Resnick-Ault)

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